
BACALHAO A PATACO
No tempo da prégação
contra a velha monarquia,
o "Bacalhao a Pataco"
servia a argumentaçaão
e toda a gente sorria !
Como alvar, qualquer macaco !
Veio depois a "egualdade"
com as suas duas manas,
a "liberdade" da bomba,
o tiro da "fraternidade" !
Nós todos feitos bananas,
com promessas d'arromba !
Afonso léva á melhor,
António José barafusta,
o Camacho coitadinho,
está cada vez peor !
O bacalhao não se assusta,
aos trez serve o seu caldinho.
Tomádas as posições,
Bacalhao foi esquecido,
por esta trempe aguerrida,
para os trez espartalhões,
o "patáco" prometido
é já coisa aborrecida.
Jura o bom "Fiel Amigo"
vingar-se, e tem razão !
Pois já nenhum o quer ver.
E resolve lá consigo,
fazer uma indigestão,
ao primeiro que o comer.
Engana-se o barbatana,
que á força de ser comido,
pelos trez da reinação,
ficaram-lhe com tal gana !
Que alem de ser esquecido,
vae servir, para espiação.
P'ra Paris vae o Afonso,
"foie-gras" lá o espera.
O Camacho vinagrada,
para o outro caldo ensonso.
O bacalhao do que era,
passa a ser uma massada.
Apéla p'ró "Zé Povinho"
mas perde logo a esperança,
Nem já mesmo a seis mil reis,
consegue ser comidinho,
ter corrente na balança !
Vingança dos "Infiéis!"...
Retorta-26-VIII-1925
- LEOPOLDO PARREIRA -