terça-feira, 24 de março de 2015


Naquela tarde.
Daquela rua sem portas nem janelas,
numa tarde serena, não sei se de verão,
Guardarei como das recordações mais belas,
Aquela despedida, prenúncio de ilusão.
Olhaste-me serena e profundamente.
Senti teus olhos bem dentro dos meus.
Meu Deus ! Quem olha assim não mente.
E apaixonado, uni meus lábios aos teus.
O tempo foi passando, como sempre passa...
Só aquela tarde, não sei se de verão,
Nas minhas recordações ainda se entrelaça.
Não sei se de tristeza ou de paixão.
Aquele beijo cujo sabor não passa.
Naquela tarde, não sei de verão.
lfpl.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015


Perguntei ao mar.

Sentado naquela duna, 
olhei o mar revolto,
tão revolto quanto a minha alma e perguntei-lhe quem era eu.
Ele ignorou-me e nada disse.
Riu-se...
- sim, riu-se que eu bem vi,
o sacana do mar...
gargalhadas húmidas, estúpidas,
indiferentes ao meu cismar.
Então,
perguntei ao céu,
as mil e uma razões da minha existência
e ele sorriu e disse:
- um dia talvez.
lfpl

domingo, 8 de fevereiro de 2015





A minha fisga

Bem no fundo da algibeira
Escondida, pois então…
A minha bela companheira
Foi toda feitinha à mão.

A forqueta deu um trabalho
Que vocês nem queiram saber
Não… não serve qualquer galho
Tem que se saber escolher.

Tem que ter a forma certa
Para ter boa pontaria
Nem muito fechada, nem muito aberta
Doutra forma não servia.

Os elásticos eram importantes
Cortados de câmara- de- ar
Ás vezes havia bastantes
Mas tinham que se procurar.

Pediam-se nas oficinas
As câmaras já sem concerto
Não podiam se muito finas
Era aquele calibre certo.

Por fim, dum bocado de sola
Se fazia o carregador
Com as pedras na sacola
Até parecia um caçador.
lfpl






O meu monte


Meu monte...que saudades eu tenho !
Do canto dos pássaros,
do cheiro das estevas,
do sabor dos medronhos,
de escutar as perdizes e o arrulhar das rolas.
Que saudades eu tenho 
Oh ! meu monte...
Já só em sonhos te vejo,
te vislumbro, te imagino e te sinto.
Meu monte, meu monte, não sei mais de ti.
Belos tempos, meu monte.
O tempo passou e não mais te vi.
Um abraço e um beijo te envio daqui.
lfpl

sábado, 7 de fevereiro de 2015

A CARTA


A CARTA

Eu tenho escrita uma carta
Que um dia pensei  mandar-te.
Onde a tenho já nem sei.
Está perdida em qualquer parte.

Reli e tornei a reler
Aquele amoroso escrito
Mas há muito que devia
Renovar-lhe o sobrescrito.

À noite ensino às estrelas
A carta que sei de cór
E as estrelas me dizem baixinho:
Já devias estar melhor.

Espero que haja um dia
De feliz, propício geito,
Que esquecerei na gaveta
A carta que trago no peito.

lfpl
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SINES, ALENTEJO - SERPA, Portugal
“Eu não sou eu nem sou o outro, Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o Outro.”