quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

ÁNÚNCIO


OFEREÇO SAUDADES

Ofereço a quem interessar possa
um baú com minhas saudades,
Repleto de momentos felizes,
da infância e da mocidade.
Todas em bom estado para uso imediato.
Favor apresentarem-se somente aqueles
que saibam com elas construir
um álbum de sonhos.

(Tahyane Rangel)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ANCESTRES - Poema do Barão de Pindaré


ANCESTRES



Poema do Barão de Pindaré Junior*





Esse velho que aparece

espelho

olhando com sarcasmo

e marasmo

não sou eu.

Deve ser

o meu pai desvalido

meu avô ido

meu bisavô desmilingüido

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

COMPADRES BEBENDO UM COPO


CONTOS DE MALTEZES



A ARANHA E O CATARRO
Velha aranha que na perfeição tecia a sua teia, lembrou-se de ir dar um passeio, até á feira, e foi. Depois de ter feito algumas amostras do seu trabalho em diferentes barracas, deu uma volta e encontrou o seu compadre «catarro». Quase se não conheceram de estragados que estavam. Cumprimentaram-se e, mestra aranha diz para o seu compadre: estás muito magro e mal encarado, tens estado doente ?
Nem tu calculas bôa amiga ! Tive a má ideia de me meter nas ventas e garganta de um ferreiro e por isso estou no estado que vez. Levo todo o tempo levando escaldões, á boca da forja e não há meio de o fazer espirrar, nem tossir, é pavorôso como ele resiste.
Mas tu comadre estás também muito atrapalhada !
Podéra, fiz a asneira de ir para a casa do Sr. Prior e arrebento trabalhando, para não conseguir nada. Levo noites inteiras a fazer a teia, pela manhã, a creada, com duas vassouradas desfaz o meu trabalho. É um martírio !
Continuaram nas suas queixas e lamúrias e, ao despedirem-se, alvitra o «Catarro»: oh, comadre e se nós trocássemos ? Tu vais para a loja do ferreiro eu para a casa do Sr. Prior.
Vá valeu ! Diz a aranha e, assim foi. Indicaram um ao outro as respectivas moradas e instalaram-se.
Passou um ano e voltou a haver a feira, onde ambas se voltaram a encontrar e, mais uma vez, quase se não conheciam, pela transformação que tinham. O Catarro muito gordo e forte e a Aranha muito bonita e elegante.
Rasgados cumprimentos e saber o passadio, foi logo á baila. Diz o Catarro: não sei como agradecer-lhe comadre o grande benefício que me fez. Há um ano que sou tratado com um carinho enternecedor. Meti-me nas ventas do Sr. prior e tomei-lhe a garganta, não imagina o que foi !... Tenho provado todos os xarópes e dôces. Quando quero mais, obrigo o prior a espirrar ou a tossir e logo sou servido de guloseimas. Se estou com mais apetite, é tosse e espirro ao mesmo tempo; isso então é uma delícia, vem tudo o que há de bom, até vinho do Porto.
E tu comadre Aranha parece que não te tens dado mal com a tróca ? !.
Estou-te muito grata, não calculas quanto o meu trabalho tem progredido. Tenho trez véus cobrindo o této da loja do ferreiro, todos de diferente tecido. Estou trabalhando e ouvindo os elogios do mestre, que diz a toda a gente: " ainda bem que esta aranha veio para a minha loja, em se quebrando uma telha e a água entrando, sei logo onde é, basta ver o sítio em que está rôta a teia. É uma grande economia no arranjo do telhado". Com vez compadre Catarro sou felicissima.
Ainda falaram mais algum tempo e despediram-se.
Foi tal a combinação que me parece que ainda hoje existe.
.(Contado pelo ferreiro Joaquim Carvoeira).
Transcrito por Leopoldo Parreira - Serpa 19/01/1926
Respeitadas, no blogue, as ortografia e pontuação do original.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

UM DIA A MAIORIA DE NÓS IRÁ SE SEPARAR


Um dia a maioria de nós irá se separar



Um dia a maioria de nós irá se separar.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo.... Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: - "Quem são aquelas pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto! "Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...... Quando o nosso grupo estiver incompleto...reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrima abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo..... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades.... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Vinicius de Moraes
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SINES, ALENTEJO - SERPA, Portugal
“Eu não sou eu nem sou o outro, Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o Outro.”