quarta-feira, 26 de agosto de 2009

POEMAS DE MEU AVÔ


À MINHA PRIMA


Tenho no cazal forno e lenha,
farinha peneirada em alguidar,
de amassar e tender é só tratar,
que o pão á fintura cedo venha.


Mas dá-me ainda que pensar,
que deitál'o no fôrno ainda tenha,
para isso meu geito nada engenha,
já depois de muito matutar.


Lembrei-me de pedir-vos minha Prima,
- para não pagar a uma saloia -
a cozinheira. Vae lá a cima,


depois de comer a calatroia,
fornêja, padêja e ultima.
Em troca mandar-vos-hei a poia.


Leopoldo Parreira
Retorta, 1925

*(Calatróia = Alentejo = Sopa de azeite e cebola)
**(Poia = Alentejo = Pão chato, que o dono de uma fornada dá, como retribuição ao dono do forno onde se coze o pão)
Powered By Blogger

Seguidores

Arquivo do blogue

Acerca de mim

A minha foto
SINES, ALENTEJO - SERPA, Portugal
“Eu não sou eu nem sou o outro, Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o Outro.”