DECIMAS
Vou á ceifa p'ró verão,
Á vindima e azeitona,
Que eu não sou «Senhora Dona»
Nem mulher de estimação.
Quem de mim faz mangação,
Quem de mim faz chalaça,
Deus lhe dê memória e graça,
Luz e muito entendimento,
Que eu ganho para o meu sustento,
E sem comer ninguem passa.
O pedir ninguem extranha,
Porque vem da antiguidade,
Pedir por necessidade,
Ou por devoção ou manha...
Se um homem se desacanha
A pedir a um e outro,
Sempre alcança muito ou pouco;
As esmolas não dão calmas...
Quantos pedem para as almas,
P'ra sustento do seu corpo !
É muito fácil cahir
O ceu todo aos bocadinhos,
Choverem mós de moinhos
E um mosquito as engulir;
Uma só mosca parir
Quatrocentas mil barracas,
Os mortos virem dar sécca
Aos que ainda hão de nascer...
Então poderão dizer
«Ser Jesus Christo que peca»
Virgem da Consolação,
De S. Paulo padroeira,
Hoje em dia Serpa inteira
Com ella tem devoção;
Com muita satisfação
No seu dia é festejada,
Da nobreza acompanhada
Com gloria e com prazer;
Tem sido sempre e há-de ser
De Deus muito abençoada.
Oh! Virgem Santa Maria!
Oh! Virgem Imaculada!
Virgem que foste sagrada,
Mais pura qu luz do dia!
Bem haja a Ave-Maria
Que alumia o vosso ventre!
Mas eu, como penitente,
Confessei o meu pecado;
Já Deus me tem perdoado
Na gloria eternamente.
(Da tradição oral da villa de Serpa)
“Eu não sou eu nem sou o outro, Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o Outro.” De MÁRIO DE SÁ CARNEIRO
sábado, 15 de agosto de 2009
Seguidores
Arquivo do blogue
-
▼
2009
(106)
-
▼
agosto
(42)
- José Júlio da CostaO garvonense que matou Sidónio ...
- POESIA ERÓTICA E SATÍRICA DE MANUEL MARIA DU BOCAG...
- COSTUMES DA MINHA TERRA
- ABADE CORREIA DA SERRA
- CONTOS POPULARES ALENTEJANOS
- GUARDADOR DE REBANHOS (Alberto Caeiro)
- MISCELLANEA TRADICIONISTA
- CONTOS POPULARES
- LENDA DO SECULO XIII
- MISCELLANIA TRADICIONISTA
- INGRATA TERRA
- MESTRE ALENTEJANO
- POEMAS DO MEU AVÔ
- POEMAS DO MEU AVÔ
- POEMAS DO MEU AVÔ
- DO ANCIÃO PARA O ANCIÃO
- FESTA DA GUADALUPE
- LOS POETAS ANDALUCES Qué cantan los poetas andaluc...
- À SENHORA DA GUADALUPE-Serpa
- DECIMASVou á ceifa p'ró verão,Á vindima e azeiton...
- SEGUNDA FEIRA
- PRIMEIRA MISSA EM SOLO BRASILEIRO
- O LOBO E O CÃO (de Olavo Blilac)
- A INSTRUÇÃO EM SERPA
- PARA VENCER A VELHICE
- DESCOBRIMENTO DO BRASIL
- POEMAS D' OUTRAS ORIGENS
- OS POEMAS DE QUE EU GOSTO
- POEMAS DE ESCARNIO E MALDIZER
- PROCURA-SE UM AMIGO
- O COMBOIO E O CAVALO
- LENDAS & ROMANCES
- O MOSTRENGO
- POEMA INFANTIL
- UMAS HORAS ENTRE AMIGOS
- MANIFESTO ANTI-DANTAS
- POEMAS DE MEU AVÔ
- POEMAS DE MEU AVÔ
- CANTES ALENTEJANOS
- CANTES ALENTEJANOS
- POEMAS DE MEU AVÔ - NOVENA DO LAVRADOR
- SE FORES UM DIA A SERPA
-
▼
agosto
(42)
Acerca de mim

- ANCIÃO
- SINES, ALENTEJO - SERPA, Portugal
- “Eu não sou eu nem sou o outro, Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o Outro.”