O CONDE LINDES
Vindo D. Conde Lindes,
N'uma noite de luar,
A dar água aos seus cavallos,
Elle se pôz a cantar;
O rei, que tal ouviu,
Sua filha foi chamar:
- Anda cá, ó minha filha,
Anda cá ouvir cantar:
Ou são os anjos no ceo,
Ou é a sereia no mar.
- Nem são os anjos no ceo,
Nem é a sereia no mar.
É o D. Conde Lindes,
Que comigo quer casar.
- Diz-me lá, ó minha filha,
Se isso assim é na verdade,
Que já o mando matar.
- Se manda matar o conde,
Mande-me a mim tambem -
Inda mal era manhem,
Dois amantes a enterrar;
Um se enterra ao pé da cruz,
Outro lá cima ao altar;
D'elle nasceu uma canna,
E dela um cannavial.
O rei mandou deitar pregão,
Oh! que pregão mandou deitar!
- Casamentos por amor
Não se podem apartar.